"Estar viva não era o mesmo que viver"
Tenho um ponto fraco pelo gênero de fantasia. É o meu tema favorito para se ler sobre, sempre nos trás cenários espetaculares, personagens maravilhosos e uma leitura magnífica! Com A Sereia, de Kiera Cass, não foi diferente.
O livro conta com uma versão bastante original do mito das sereias: A Àgua é retratada como uma espécie de Deus, tanto que sempre que é citada, é com uma letra maíuscula como usamos para falar dEle. Quando jovens garotas estão prestes a morrer, se estiverem em contato com a àgua, elas podem ter duas escolhas: Aceitar a morte ou viver como sereia.
Caso a garota escolha ser uma sereia, ela viverá por cem anos servindo a àgua, cantando para que naufrágios aconteçam e a mesma se "alimente" das pessoas que ali morrerem. Meio mórbido né? Pois é, e não para por aí! As sereias podem viver no mundo dos humanos, porém devem se comunicar apenas por língua de sinais, afinal, cada vez que um humano ouve a voz de uma sereia, sente uma vontade incontrolável de correr a àgua e eventualmente, morrer entre suas ondas.
Kiera nos conta a história de Kahlen, uma sereia que vive junto com suas irmãs Miaka e Elizabeth. Uma garota comum, que gosta de livros, sossego e tem o sonho de se casar. Diferente de suas irmãs que querem aproveitar a vida ao máximo, saindo para festas e se divertindo.
"Os livros eram um porto seguro, um mundo separado do meu"
Ela é a mais velha das sereias com quem convive e faz de tudo para seguir as regras, um exemplo para as mais novas seguirem. Até que conhece Akinli. Como poderia um humano se apaixonar por uma garota que, apesar de ser naturalmente linda, não pode falar? Mesmo sem as palavras, os dois criam uma conexão linda e instantânea.
"Os casais eram como sereias: criavam sua própria língua, os próprios sinais e os próprios mundos"
Akinli é um personagem fácil de se amar, engraçado, gentil e atencioso. Difícil não torcer imediatamente para que dê tudo certo, apesar das probabilidades. Nenhuma mãe ou esposa se tornou sereia, pois a àgua cobra total devoção de suas "jóias", como ela as descreve.
Apesar de severa, a Àgua é como uma mãe para as garotas. E é extraordinário como no livro, elas podem entrar em contato com a mesma pela neve, chuva, até mesmo pela água do chuveiro. Não preciso dizer o quão difícil é manter um segredo dessa maneira.
"Quando não estava nadando nela, ela inundava meus olhos"
A história é encantadora por nos levar a um universo onde mulheres entram no mar com roupas normais e saem usando belíssimos vestidos feitos de sal marinho. A criatividade me encantou de uma maneira sem igual, há tempos não me envolvia tanto em uma narrativa. O final é surpreendente, totalmente imprevisível e empolgante. Conta com frases encantadoras que arrepiam a alma. Pra finalizar, deixo vocês com a minha favorita:
"Não conhecia nenhuma expressão mais forte que "alma gêmea", que desse a entender a sensação de estar tão unido a alguém que é difícil dizer onde termina essa pessoa e onde você começa"